Publicado em: 13/07/2022 11:06:10
Mostra de filme e roda de conversa sobre o livro "A expedição do Guaporé (1933-1935)"
O Mestrado Acadêmico em História da Amazônia - PPGHAm tem o prazer de convidar toda a comunidade acadêmica para a Mostra de filme e Roda de conversa sobre o livro "A expedição do Guaporé (1933-1935)" de Emil Heirich Snethlage. Trata-se de uma documentação inédita no Brasil recém traduzida a respeito do Vale do Guaporé.
Quando: 16 de julho, 10h
Local: Auditório da UNIR-Centro, Av. Presidente Dutra, 2965, Olaria, Porto Velho
Informações: ppgham@unir.br
Atiko y, o que é isto, na língua Moré, é o nome do livro popular-científico publicado pelo pesquisador alemão Emil Heinrich Snethlage (EHS) em 1936, a respeito das culturas indígenas do vale do rio Guaporé, em Rondônia. Ele foi escrito após o autor retornar da expedição científica que realizou entre 1933 e 1935. Na sequência o autor pretendia fazer diversas publicações científicas, mas faleceu em 1939, aos 42 anos, sem concluir seus estudos compostos por textos, fotografias, gravações de músicas e um filme mudo, que foi sonorizado para sua publicação no Brasil. Agora, cerca de 82 anos após a sua morte é realizada uma nova expedição entre 28 de junho e 16 de julho que percorrerá diversas terras indígenas na mesma região visitada por ele. O evento tem por objetivo repatriar aos índios do vale do Guaporé documentos da sua história, até há pouco inacessíveis ao público brasileiro, por meio da apresentação do livro “A Expedição do Guaporé (1933-1935)”, publicado pela editora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), composto pelos cadernos de campo, publicações e acervo de EHS.
O grupo é formado por linguistas do MPEG; um integrante do Ministério Público Federal; parentes do pesquisador, vindos da Alemanha; assim como funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), um indigenista, a tradutora e coorganizadora do livro em alemão e em português; uma ilustradora de livros infantis; a videoartista que sonorizou o filme do pesquisador, e um diplomata da Embaixada da Alemanha. Segundo Gleice Mere, coorganizadora do livro e organizadora da expedição, a apresentação da obra de EHS aos indígenas é uma repatriação de muitas informações de sua cultura que foram perdidas no processo de aculturação sofrido por eles nas últimas décadas. “Este grupo diverso, formado por pessoas academicamente tão qualificadas, residentes no Brasil e no exterior, foi a forma que encontramos de demonstrarmos aos povos indígenas de Rondônia que os seus conhecimentos são valiosos e enriquecem as nossas vidas e a cultura não apenas do nosso país, mas do mundo, explica.”
Do ponto de vista etno-histórico e linguístico, a região do Guaporé é uma das áreas mais interessantes da América do Sul. A diversidade das línguas nativas é inigualável. Os registros de EHS constituem a fonte mais importante para o primeiro período de contato de indígenas de Rondônia com a população envolvente. O pesquisador visitou 12 povos indígenas de Rondônia. Em seus registros há a descrição do contato desses indígenas com outros povos, a documentação de traços de sua cultura imaterial, como cânticos, danças, o jogo de cabeçabol, entre outros.
O conteúdo são referências ímpares para o campo da linguística, arqueologia, ornitologia, etnomusicologia e, em linhas gerais, dos costumes e da dinâmica das relações da sociedade não indígena de Rondônia. Entre os diversos temas publicados há um estudo sobre os instrumentos musicais indígenas do vale do Guaporé. As canções gravadas pelo pesquisador em 1934 fazem parte da “Coleção dos primeiros cilindros sonoros do Arquivo Fonográfico de Berlim”, reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio histórico da humanidade; integrada à documentação do Programa Registro da Memória Mundial.
Em 16 de julho a expedição encerra suas atividades em Porto Velho, com a mostra do filme e uma roda de conversa para apresentação do livro, que será aberta ao público. O evento será organizado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Amazônia (PPGHAm) da Universidade de Rondônia (UNIR). Na oportunidade os integrantes da expedição poderão compartilhar suas experiências, vividas nas comunidades indígenas de Rondônia, e falar sobre o livro com a presença do neto de Emil Heinrich Snethlage e coorganizador do livro em alemão, Alhard Snethlage.
Fonte: Coordenação do PPGHAm